sábado, 22 de junho de 2013

Confira a entrevista que fizemos com João Marcelo, integrante da banda Sobrenome.

1- Como se deu o surgimento da banda?


R - Bom, nós quatro já éramos bons amigos há tempos, estudávamos na mesma escola e fazíamos aulas de violão com o mesmo professor. Esse professor tinha - e eu acredito que ainda tenha - o costume de fazer um show de final de ano, com todos os alunos. Após um desses shows, um amigo nosso, que havia decidido que iria se tornar rico à custa do trabalho dos outros, resolveu montar uma banda em que ele pudesse ser o empresário. Nós quatro já tocávamos e éramos próximos, a ideia foi absolutamente bem recebida e começamos a tocar, alugando a sala da Audio Rebel. O Caio já sabia tocar bateria desde antes das aulas de violão, e não demorou para que eu fosse "sorteado" baixista. Inicialmente, tocávamos só covers. Eu e Felipe aparecemos com as primeiras canções mais ou menos na mesma época, e foi assim que seguiu a banda, ainda com o nome de Sobrenome.


2-Aonde foi esse surgimento?


R - A ideia de nosso amigo empreendedor foi dada em um recreio qualquer no Colégio São Vicente de Paulo, no Cosme Velho. Lembro que essa proposta interrompeu uma importante partida de totó em que eu estava envolvido. Não tenho ideia da data, pra isso eu teria que consultar o Orkut, e eu realmente não quero ter de fazer isso.


3- Quem são suas influências?


R - No início, a principal influência era do Los Hermanos. Confesso que eu me empenhei bastante para que os outros 3 se rendessem ao grupo. Essa influência era tanta que começou a ser um ponto fraco nosso, uma espécie de "prisão". Eu vejo muitas bandas contemporâneas que criticam a influência do Los Hermanos, citam-na como um grande problema. Eu não enxergo assim. Os caras influenciam porque fizeram grandes músicas e permitiam a identificação com o público. Hoje, diria apenas que a gente se limitava muito a eles, e esse era o real problema. Agora, somos muito influenciados por artistas brasileiros, como Lenine, Caetano, Gil, Lula Queiroga, Pedro Luís e a Parede e, mais recentemente, pelos paulistas do 5 a Seco. Ouvimos muita coisa gringa também, com muito peso do Arctic Monkeys (influência direta do Caio) nas canções e uma admiração coletiva pelo Radiohead.


4- Como você esse momento atual das bandas de garagem e como elas se mantém?


R - Essa é uma grande pergunta. A gente se pergunta isso todos os dias, na verdade. Aqui no Rio, as casas de show que recebem - sem grandes transtornos ou "jogo duro" - bandas independentes são poucas. Algumas produtoras "patrocinam" bandas, mas ainda não tivemos essa sorte. Pro artista "de garagem", como você mesmo disse, o principal aliado tem que ser a internet. É uma exposição 24h do seu material, uma relação direta do artista - sem pretensão alguma aqui - com o público, uma ferramenta fantástica de divulgação. O Facebook é o maior suporte às bandas iniciantes, na minha opinião. Por enquanto, esse apoio é o suficiente. De toda forma, queremos mais. Lugares pra tocar, gente pra ouvir e dinheiro pra seguir.


5- Quais são suas preferências musicais


R - Eu passo a maior parte do tempo hábil ouvindo música, de variados estilos. Odiaria dizer que sou uma pessoa "eclética", porque quem gosta de tudo, não entende nada. Nas minhas músicas, bebo principalmente da MPB, dos medalhões mesmo. Não enxergo fonte melhor. Aprecio muito a lírica do Rap. A poesia característica do estilo é muito sincera, invejo bastante essa qualidade. Devo confessar também que não ouço muitos rappers. Prefiro outros sons. Aqui ressalto, sem intenção de fazer média, que o melhor cd brasileiro dos últimos tempos, pra mim, foi o do rapper Criolo, embora não seja exatamente um cd "de rap".

6-Já gravaram alguma coisa? Quais são os planos para o futuro?


R - Há um ano e meio atrás gravamos um EP de 4 faixas com um amigo nosso, Arthur Luna. Foi um aprendizado sensacional, nenhum de nós tinha ideia do que queria, foi a primeira experiência do tipo. Mais maduros, entramos num estúdio para gravarmos nosso segundo EP, que será lançado em breve, por mais que a banda esteja longe dos palcos, trabalhando na identidade e na anunciada mudança de nome. Nos dedicamos muito nesse trabalho e esperamos que pelo menos os nossos amigos botem as canções no iPod. O plano de futuro próximo é masterizar as faixas, lançar o EP num show apoteótico e em seguida dominar o mundo.

7- Qual é a tendência musical para as bandas amadoras no Brasil? Tem algum estilo musical se sobressaindo?


R - Eu realmente não sei a tônica da atual geração da música. Vejo apenas que há uma valorização do que já foi feito pelos grandes artistas brasileiros, acompanhada de recursos tecnológicos que permitem inovações, releituras e aproximação com o que é feito no exterior. Além disso, eu chutaria que a internet será o habitat de todas as bandas que vierem nesse século, em função das características de exposição que descrevi.

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